Uma universidade de excelência
Basta mudar uma “chave” na educação, para tudo
começar a funcionar.
CHEGA DE “ENSINAGEM” => FOCO NA APRENDIZAGEM
Tive o prazer de conhecer essa semana um professor universitário.
Ele calmamente se aproximou e começou a compartilhar experiências transformadoras
que ocorreram na universidade que leciona.
Em sua expressão facial e nas palavras que usava, ficou
claro que as mudanças foram drásticas e muito doloridas para uma instituição
tão tradicional, com um corpo docente muito renomado.
Ele contou sobre as mudanças no Projeto Pedagógico
do curso, onde quase a totalidade das exposições teóricas, foi substituída por experiências
práticas, com desenvolvimento de projetos complexos e transdisciplinares. Outra mudança foi que a nota passou a ser
resultado da elaboração e implantação dos projetos.
Os professores deveriam abandonar suas retóricas e passar a ter uma postura de facilitador ou de mentor, os
alunos deveriam deixar a passividade de lado e assumir um papel protagonista no processo de aprendizagem. A universidade
deveria dar autonomia para coordenadores e professores, para que essa autonomia
pudesse chegar até os alunos.
Um pequeno detalhe dessa gigantesca transformação
foi que não haveria mais chamada em sala de aula. O tão famigerado instrumento infantilizador
e de alto controle, simplesmente sumiu. Os alunos passariam a marcar presença
no andar do prédio, sem a obrigatoriedade de entrar em sala de aula ou permanecer na universidade.
Claro que no principio os alunos debandaram. Eles
desapareceram por um semestre e foi uma enxurrada de alunos “bombando” por
falta ou por não entregar os projetos, que resultaram em notas insuficientes. Por ser uma universidade de excelência, não há
trabalhinho extra, provinha que substitui DP, ou professor que passa a mão na
cabeça do aluno e fala “coitadinho”. Não concluiu a disciplina, terá que cursar novamente.
A orientação era que todos os professores se mantivessem
firmes e bastava um aluno em sala para trabalhar.
Houve muita resistência tanto dos alunos veteranos,
quanto dos professores repletos de títulos pomposos e todos dominados pela Síndrome da Gabriela.
Eu consigo imaginar o tamanho do problema que causou
essas mudanças. A resistência ao novo é uma dura realidade. No entanto, o
professor ressaltou mais de uma vez, “essa universidade tem um compromisso com
a sociedade de entregar para o mercado de trabalho, profissionais de excelência”,
logo o foco deveria ser a aprendizagem dos alunos.
O bom é que a debandada durou apenas um semestre. No
semestre seguinte os alunos começaram a aparecer aos poucos e os que apareciam,
chegavam com um atitudinal diferenciado, se percebendo protagonistas e
responsáveis por seu processo de aprendizagem.
BINGO! Isso é tudo que eu falo faz décadas.
Após 4 semestres de uma nova visão pedagógica
baseada em projetos transdisciplinares, os resultados são incomparáveis com o
período anterior. Esse
é o resultado da mudança de foco da “ensinagem”, para a aprendizagem.
Um detalhe interessante foi que enquanto o professor
descrevia as mudanças e as resistências com a certeza de que eu não fazia ideia
do que ele estava falando e nem da magnitude da diferença dos resultados, eu
sabia exatamente qual era o processo conquistado e o sentimento de satisfação daquele professor, pois eu já
vi essa transformação acontecer e volto a repetir: os resultados são
incomparáveis.
Textos relacionados: Aprender para fazer OU fazer para aprender – A inovação disruptiva da Aprendizagem por Projetos e Seu foco é nota OU aprendizado?
Ilustração de João Vaz de Carvalho - http://trema-arte.pt/acervo/jo%C3%A3o-vaz-de-carvalho
Deixe seu comentário ou dúvidas. ⬇
Comentários
Postar um comentário