Quando os alunos dão asas para a professora
Parafraseando
mais uma vez o querido Rubem Alves
“Há escolas que são
gaiolas e há escolas que são asas.”
Eu, assim como a maioria dos professores, tenho um arsenal enorme de ferramentas de propulsão.
Normalmente tenho que usar minha lábia, para convencer os alunos de que eles têm asas e que elas funcionam. Tenho o hábito de desafiá-los a voar e dar pequenos empurrões para pegar velocidade e ganhar altura.
Normalmente tenho que usar minha lábia, para convencer os alunos de que eles têm asas e que elas funcionam. Tenho o hábito de desafiá-los a voar e dar pequenos empurrões para pegar velocidade e ganhar altura.
Mas dessa vez foi diferente, fui pega no contrapé, o que me surpreendeu
foram as asas que os alunos me deram. Isso deveria ser algo corriqueiro em um
sistema educacional tradicional, frequentado por jovens plugados, inteligentes
e desgastados por um sistema educacional ineficiente.
Era início de semestre. A primeira aula foi de apresentações e
provocações, a segunda aula tinha sala cheia, dia de conteúdo, pois
é assim que manda o protocolo. Antes de ligar o equipamento de projeção e iniciar
a exposição, fiz uma breve introdução sobre o Mito da Caverna e a Educação Placebo, só por desencargo de consciência. Eu tentei ser breve para não
chatear, mas os alunos começaram a questionar, questionar e questionar. Pelo
inesperado interesse dos alunos, fiquei um pouco desconcertada, pois o cabresto
apertado em minha cabeça me direcionava a seguir o roteiro e expor o PowerPoint,
mas os alunos não queriam e começaram a me dar dicas de como afrouxar o
cabresto do sistema.
Eles queriam liberdade e autonomia, queriam voar e perceberam que eu
poderia impulsioná-los a voar muito mais alto, mas para isso, eu precisaria de
asas.
Voltei para casa ainda inquieta, pensando como fazer bom uso das asas
que ganhei daqueles alunos.
Lembrei-me de um questionamento que uma aluna fez há poucos dias: "Professora, você já pensou em desistir?" Minha resposta foi instantânea: "Milhões
de vezes. Estou sempre me questionando." Mas são as asas, a liberdade, a autonomia, os aprendizados e os voos
que me mantém na profissão.
Há escolas que são asas... Há professores que são asas... Há alunos que
são asas.
O voo é livre.Artigos recomendados: Autonomia na educação: maquiagem, utopia ou necessidade e A professora que coleciona alunos mutantes
Ilustração: http://getdrawings.com/eagles-flying-drawing#eagles-flying-drawing-54.jpg
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Verdade verdadeira!!
ResponderExcluirCelle querida, muito obrigada por seu comentário.
ExcluirQue lindo!!
ResponderExcluirGrata por seu comentário.
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