Espero de meus alunos mais do que eles querem fazer, mas não mais do que eles podem fazer
“A
faculdade no final do semestre, vira uma espécie de manicômio semiaberto.” –
Essa frase bem humorada foi dita por meu aluno Felipe.
Professores implorando para que os alunos estudem e tirem boas notas.
Alunos reprovando
por falta, outros por nota.
Uma
enormidade de alunos passando com uma nota mediana.
A
coordenação brava porque um aluno ‘picareta’ me odeia.
Avaliação
de montanhas de projetos. Muitos foram feitos somente para cumprir a tarefa acadêmica e ficaram medianos ou bons e uma minoria com excelência.
Isso tudo
é uma loucura.
Essa
semana, um grupo de profissionais do mercado se dispôs a vir até a universidade fazer uma
seleção dos melhores projetos de todas as turmas.
Eu AMO esse processo, pois eles não tem conexão pessoal ou afetiva com os alunos e
facilmente tem um olhar distanciado da academia. Eles estão inserido na
realidade da profissão que esses jovens almejam conquistar um espaço no futuro
próximo.
Observei
alguns projetos de alunos meus sendo avaliados por esses profissionais. Claro
que fiquei de orelha em pé, tentando escutar as críticas e os elogios.
Como uma
mãe se orgulha de seus filhos, fiquei super orgulhosa das críticas que escutei dos
projetos de meus alunos.
Depois
refleti: Qual foi a real contribuição que eu dei para aqueles excelentes
projetos? Eu não os ensinei a fazer o que eles fizeram, eu os desafiei a fazer melhor. O resultado é fruto da
competência, persistência e insistência dos alunos.
Então
onde entra o meu papel como orientadora de projetos acadêmicos?
- Eu não
me acomodo com as primeiras opções que o aluno apresenta;
- Peço
muitas opções de ideias e caminhos de solução;
- Eu
cobro que ele refaça tudo – uma, duas, três, quatro vezes;
- Com o
trabalho no meio do caminho, eu peço para voltar à estaca zero;
- Eu
cobro troca de fonte, cor ou diagramação ‘milhares’ de vezes;
- Insisto na leitura de livros para conhecimento profundo de conceitos;
- Questiono tudo: pesquisas, conceitos, estratégias, etc.;
- Eu provoco que o aluno faça com excelência;
- Coloco o foco na construção do portfólio;
- Sempre digo que o aluno é capaz de fazer melhor.
... e tem um ingrediente extra, o respeito que o aluno tem por mim, pois se não tivesse, não resistiria a pressão.
Eu cobro
sempre mais, e só paro quando percebo que cheguei no limite do aluno.
Uma vez
escutei de uma amorosa aluna: “Pro, você arranca nossas tripas, enrola em nosso
pescoço e aperta. Você acredita que nós podemos fazer mais e
por causa disso, temos vergonha de te entregar um projeto medíocre. Sempre damos o 'sangue' pelos projetos.”
Minha
maior preocupação é não cobrar além do que o aluno pode dar, mas confesso que
adoro chegar no limite.
Vivo perigosamente entre o amor e o ódio de meus
alunos. Os preguiçosos e acomodados me odeiam. Os que buscam o aperfeiçoamento e a aprendizagem,
quando percebem que são capazes de fazer mais e melhor, entendem o meu papel de provocadora no
processo de aprendizagem. PS: Há alunos que eu não cobro. Eu não posso cobrar de quem não quer aprender.
Links relacionados: A professora que não ensinava ‘nada’ e A professora que coleciona alunos mutantes
Fonte da ilustração: amenteemaravilhosa.com.br
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....os preguiçosos e acomodados também me odeiam...
ResponderExcluirAmei!!Muito bom!!!
Hehehehehehe..... Amor e ódio são faces da mesma moeda.
ExcluirGrata por seu comentário, querida Celle.