Uma universidade que olha para o futuro
Em 2014, li uma matéria sobre uma universidade
particular brasileira que havia abolido as aulas expositivas, as disciplinas
fragmentadas e que a aprendizagem acontecia através do desenvolvimento de trabalhos por projetos
interdisciplinares e transdisciplinares.
Em 2015, participei de uma conferência nacional sobre
a nova educação e pude conhecer alunos e professores de uma universidade
federal que também desfragmentou os saberes. Os alunos desenvolvem
projetos transdisciplinares, onde os projetos são voltados para a melhoria
das comunidades carentes daquela cidade.
Em 2017, em um fórum sobre educação, pude conhecer o
reitor de uma universidade federal com um formato completamente inovador. Sem
aulas ou disciplinas fragmentadas, os alunos entram para a universidade e não para
um curso especifico. A universidade é dividida em 3 grandes módulos – 1º - Humanidades,
pois como disse o reitor, “esses jovens esqueceram que são humanos”. Em Humanidades,
todos os alunos desenvolvem projetos de melhoria nas comunidades carentes ao
redor da universidade. 2º - Licenciatura, pois todos devem saber atuar como
professores e poder devolver para a comunidade um pouco do que receberam. Todos
devem escolher alguma Licenciatura para se formar. 3º - Bacharel. Neste módulo só
ficam os alunos com interesse em algum bacharel. Os alunos do 2º e 3º módulos
irão atuar em projetos juntos aos alunos do 1º módulo.
Em 2018, tenho encontrado mais pesquisas que
corroboram com o que venho falando faz anos, a universidade irá fomentar
a inovação e o empreendedorismo, um espaço humanizado e colaborativo. A universidade irá se assemelhar a um HUB ou
Espaços de Coworking, que são espaços colaborativos, com laboratórios de
desenvolvimento tecnológicos, incubadoras para novas Startups e aceleradoras.
Um espaço vivo de aprendizagem por projetos interdisciplinares e
transdisciplinares, com alunos altamente curiosos e professores mentores ou facilitadores.
Destaco alguns pontos-chave para a transformação da
universidade:
- Desfragmentação
dos saberes – não cabe mais a fragmentação dos saberes em disciplinas
separadas, com professores que não dialogam com a complexidade do mundo real;
- Aprendizagem
por projetos complexos – A vida real é uma sucessão de projetos complexos e
multidisciplinares. Ao abolir as disciplinas fragmentadas e adotar a
Aprendizagem por Projetos, a universidade passa a cumprir o seu papel de, além
de formar acadêmicos pesquisadores, preparar jovens para o mercado de trabalho;
- Deixar de
ser uma bolha, reinada por professores detentores do saber – Os conteúdos
estão extremamente acessíveis, tanto nos livros, como na internet. O professor
não pode limitar a aprendizagem de seus alunos ao seu conhecimento, muitas
vezes ultrapassado;
- O aluno
deixará de ser um receptor passivo – O aluno precisa tirar da cabeça a
ideia de que é papel do professor ensiná-lo. É mais importante o que o aluno
aprende, do que o que o professor ensina. O aluno precisa perceber o seu papel
neste processo de aprendizagem – e este papel precisa ser ativo, de
investigador, pesquisador, questionador e produtor de novos saberes. O
ingrediente fundamental para os alunos é a curiosidade;
- Alunos com habilidades
socioemocionais – Saber trabalhar em equipe, de forma colaborativa e
cooperativa. Ser resiliente e empático;
- Centro de
criação e inovação – A universidade tem um papel muito importante no campo
da pesquisa, mas a muitos anos a produção acadêmica corre em círculos ao
produzir pesquisas que simplesmente são reproduções dos saberes já sabidos e sem
espaço para o novo;
- Sem
padronização ou pasteurização da aprendizagem – Não haverá uma única fórmula
mágica padronizada ou apostilada que servirá para o Brasil todo, pois as
necessidades são diferentes e as ferramentas também serão. Se uma universidade
terá acesso a mais alta tecnologia do mundo, em outra universidade o
aprendizado acontecerá debaixo de um pé de manga, ou em uma oficina de
marcenaria.
Há muitas boas ferramentas tecnológicas sendo oferecidas no mercado. O mais importante não é a ferramenta escolhida, mas a mudança da metodologia
tradicional, fragmentada, conteudista e padronizada como única opção, por metodologias (no plural) inovadoras, humanizadas, complexas, desfragmentadas, customizadas, interdisciplinares e transdisciplinares.
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Matéria recomendada por Rosy Mendonça: Inspirada no Vale do Silício, escola foge das aulas chatas de faculdade
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Foto: https://crowd.br.com/2017/02/10/as-vantagens-de-utilizar-coworking/
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Você poderia indicar as universidades federais a que o texto se refere?
ResponderExcluirAchei muuuuito interessante!
Claro,
ExcluirUniversidade Federal do Paraná - Litorânea
Universidade Federal do Sul da Bahia.
Você poderia indicar quais são as universidades federais a que o texto faz referência?
ResponderExcluirAchei muuuuito interessante!
Obrigada.
Claro Maria,
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Universidade Federal do Sul da Bahia.