Os encantos da curiosidade
Fui
convidada para uma reunião pedagógica de rotina na creche. Foram pontuadas
necessidades, solicitações, acertos, erros, etc.
Lá
pelas tantas, uma professora pediu a palavra para relatar um problema pontual.
De forma muito delicada, ela expõe a dificuldade que está tendo para lidar com
a solicitação insistente de um pequeno grupo de garotinhos de 5 anos. Disse a
professora: “Eles querem montar um livro. E por mais que eu diga que isso não é
matéria da apostila deste ano e que o livro poderá ser feito no ano que vem,
todos os dias eles perguntam se hoje já é ‘o ano que vem’, pois querem fazer o livro.”
Neste
momento um vulcão, prestes a explodir, se formou em minha cabeça. Mas mantive o
olhar sereno e contemplativo para os comentários das outras professoras, que generosamente
davam dicas de como convencer o pequeno grupo a deixar o livro para depois.
Até
que a diretora da creche olha para mim e pergunta: “Tina, você teria alguma
sugestão para a professora?” - (ai caramba... o vulcão explodiu!) - Respirei
fundo, sorri, olhei para a professora e disse: Eu adoraria ter um pequeno grupo
de alunos universitários sedentos por construir um livro. Quando esses meninos
chegam à universidade, livro é sinônimo de castigo. Eles não querem mais nada
com os livros. Então, se você tem alunos que querem construir um livro, hoje já
é ‘o ano que vem’. Não perca nem mais um dia, deixe-os fazer o livro.
Como
pode a sequência engessada de uma apostila, sobrepor aos encantos da
curiosidade pelo saber?
Ilustração de João Vaz de Carvalho
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