A UNESCO e a educação idealizada por um jovem não pedagogo
Gosto
de escutar os não pedagogos, pois eles não carregam os vícios do sistema, quando
pensam sobre educação.
Francisco,
um jovem Ilustrador que foi meu aluno do curso de Design Gráfico, expôs o que
pensava sobre educação e disse que tinha uma ideia ‘maluca’.
Como
eu amo ideias malucas, fiquei muito curiosa para conhecer essa ideia.
Antes
de expor a ideia, Francisco quis posicionar o que pensa sobre educação e disse: “A educação é a base de tudo, o problema é
que as pessoas acham que ela precisa ser melhorada, mas na verdade ela precisa
ser transformada. Só dá para melhorar, o que está bom ou no caminho certo, o que
não é o caso da educação.”
Francisco
está correto, pois qualquer melhoria tem um tom de maquiagem ou paliativo. É
necessário que haja uma transformação estrutural no sistema educacional.
Depois
Francisco disse: “Nós vemos que o estudo,
as matérias e as exigências são iguais para todos, como se todos tivessem que
ser bom em tudo e no final, ninguém é bom em nada. O objetivo hoje é criar um
aluno genérico. Se aplica muito esforço em tentar aprender algo muitas vezes
inútil e da forma errada, para depois ser esquecido assim que termina a prova.
Existe muita gente que não sabe lidar com o mundo, com as outras pessoas e nem
consigo mesmo, que não sabe o que quer na vida e que não sabe se virar em
tarefas simples do cotidiano. Então minha ideia de EDUCAÇÃO DE VERDADE, seria mudar isso tudo que não funciona, para
algo totalmente oposto em 3 passos:”
1º PASSO
O
primeiro passo seria para a pessoa se tornar um cidadão de verdade. Vejo que
tem muita coisa que deveria ser abordado nas escolas e não é. Por exemplo:
aprender a nadar, a ter uma boa alimentação, ter um hábito de fazer exercícios,
cozinhar, lavar, saber alguma arte marcial, conhecer sobre economia, política, primeiros
socorros, educação no trânsito e muito mais. Tudo isso agregado com
alfabetização, leitura e projetos, complementado com estudos básicos de algumas
matérias essenciais. Uma estrutura voltada pra que a pessoa esteja mais bem
preparada para a vida, que saiba seu lugar como indivíduo e na
sociedade.
Por ser
muita coisa, talvez seja algo que tenha continuidade no 2º Passo.
2º PASSO
Em
seguida, um estudo para que a pessoa desenvolva alguma habilidade, relacionada
a algo que goste, assim respeitando as diferenças, pois o que é interessante para um, pode não ser para outra pessoa. Essa etapa seria para o aluno experimentar temas variados e focar em conhecimentos mais avançados para descobrir o que quer fazer na vida.
Tudo na base de projetos e com métodos diferentes de aprendizado. Exemplos:
Visitar lugares, criar projetos sociais, criar coisas (produtos ou serviços), ver vídeos,
filmes, debater e exercitar as habilidades.
3º PASSO
E o terceiro
passo seria um estudo focado em atividades voltadas ao mercado de trabalho. Aqui
seria algo mais parecido com a faculdade. A pessoa estudaria tudo que é
relacionado a uma profissão, seguindo a mesma linha do 2º passo e com o
compromisso de entregar um resultado satisfatório.
Com
um ar nada otimista, Francisco termina sua explanação apresentando as
dificuldades que seria uma reforma assim, pois mexeria com todo o sistema, com
as estruturas das escolas e com os professores já impregnados da Síndrome da
Gabriela. E ainda seria necessária a aprovação do governo e sabemos que o intuito
dele é justamente o oposto, pois sabotam a população com base na educação.
Toda essa ideia de um jovem não pedagogo, de humanizar o ato educativo e desenvolver um cidadão para o coletivo e consciente do meio que pertence, me fez lembrar de algo relevante: os quatro pilares da Educação.
Provavelmente sem notar, Francisco teve uma ideia completamente conectada aos quatro pilares da Educação - Conceitos de fundamento da educação, baseados
no Relatório para a UNESCO da
Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, coordenada por Jacques
Delors.
Para
conhecer os quatro pilares da educação, segue um trecho do Relatório de Jacques
Delors:
Para
poder dar resposta ao conjunto das suas missões, a educação deve organizar-se
em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida,
serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: aprender a
conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer,
para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de
participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente
aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. É claro que
estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado que existem entre elas
múltiplos pontos de contato, de relacionamento e de permuta. (DELORS, pág.89-90)
Quando
um não pedagogo se incomoda com nosso fracassado sistema educacional e começa a
pensar ideias incríveis para criar uma educação de verdade, me pergunto: Onde estão os pedagogos que não estão fazendo o mesmo?
Fonte da imagem: https://www.cristofani.org/blog/item/315-o-que-sao-os-quatro-pilares-da-educacao
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