Educação placebo
O professor finge que
ensina e o aluno finge que aprende.
A sala de aula é a caverna, o data show a
fogueira, o PowerPoint a sombra, o professor o 'fazedor de sombras' e os
alunos contemplam as sombras.
No Mito da Caverna de
Platão, algumas pessoas ficavam acorrentadas olhando para a parede do fundo da
caverna. Uma fogueira na entrada da caverna produzia sombras das pessoas
(sofistas e políticos) que passavam na frente da fogueira. Para essas pessoas
acorrentadas, que nasceram nessa condição, as sombras eram o mundo real. Os ‘fazedores
de sombras’ manipulavam, controlavam e iludiam os acorrentados. Um homem conseguiu
se livrar das correntes, saiu da caverna e conheceu a liberdade em uma outra realidade. Transbordante de alegria e empatia, retornou
para a caverna para convencer os acorrentados de que havia um mundo enorme, lindo, livre, verdadeiro e muito além das
sombras. Ele foi chamado de louco e foi assassinado pelos acorrentados, em função do medo do desconhecido causado pela ignorância.
Faço um paralelo com conversas
que escuto de professores:
“Os alunos só querem
facilidades e o diploma. Eles não estão aqui para aprender.”
“Se ‘salvarmos’ 1 a cada 50 alunos está bom
demais, com o nível desses alunos...”
“Eles estão
acostumados com a progressão continuada - não fazem nada e só querem passar.”
“Alunos não aprendem
nada com PowerPoint, mas ficam calmos.”
A quem interessa que o
sistema continue assim, falho e ineficiente? Um sistema conteudista e focado na "ensinagem", que produz mais lucro
do que aprendizagem significativa.
Meu papel como educadora é tirar o máximo de alunos do fundo da caverna. Pode me chamar de louca, mas não engulo placebo.
Para refletir, cito um
trecho da monografia sobre Aprendizagem por Projetos do MBA em Gestão de Projetos:
“A educação é o lugar onde
podemos efetivamente mudar a sociedade e este é o principal objetivo desta
proposta.
A gestão de projetos, alinhado a
Nova Pedagogia, privilegiam práticas de conteúdo desfragmentado através de
Aprendizagem por Projetos (como postulado por Kilpatrick em 1918). Logo, como
dito por Viviane Mosé (2013) em sua entrevista para o programa de TV Café
Filosófico, a aprendizagem desfragmentada faz mais sentido ao estudante, porque
“o mundo não é fragmentado”. Essa desfragmentação permite um olhar mais amplo
para a superação de problemas sociais e formação integral do profissional
cidadão.
Estamos propondo uma nova visão do modo como os
estudantes aprendem, uma mudança de atitude diante de um problema e
uma revisão dos papéis tanto do professor, quanto do aluno em um ambiente
criativo, multitarefa e colaborativo que corroboram com o ambiente criado pela
gestão de projetos.” [CARVALHO, 2018]
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CARVALHO, Ana Cristina N. de. APRENDIZAGEM POR PROJETOS: uma alternativa à desfragmentação da educação universitária. Trabalho de Conclusão de Curso – MBA em Gestão de Projetos - Centro Universitário Estácio de São Paulo, 2018
Fonte da ilustração: https://senhoradesirius.files.wordpress.com/2016/12/o-mito-da-caverna.jpg
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Fato... é muito reflexivo o texto....
ResponderExcluirMuito obrigada por seu comentário José Roberto.
ExcluirEstou adorando suas reflexões. É uma árdua tarefa, mas acredito muito no aprender através de projetos. Grata pelo texto. GIANE Mussi.
ResponderExcluirSim Giane, é uma tarefa árdua, mas a Aprendizagem por Projetos é uma alternativas eficientes.
ExcluirRealmente, este maravilhoso texto é o retrato fiel da realidade enfrentada pelos educadores... alunos que aguardam a resposta da lousa, q atrapalham às aulas e que, no dia da prova, querem as respostas. Mas, cabe ao professor resgatar a verdadeira educação e mudá-la. Devemos (comunidade escolar e sociedade) contribuir para a formação de cidadãos pensantes, autônomos, críticos e reflexivos.
ResponderExcluirÉ isso mesmo Barbara... é preciso ter esperança.
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